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Na Crista da Onda

Tudo o que você queria saber ... ou não ...

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quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

A onda de lives: Lives, but no lives!

Olá pessoas e seus amigos imaginários!

Não, isso não é uma miragem. 

Sou eu mesmo, Thaís Parméra, ressurgindo das cinzas acadêmicas do doutorado.



Eu sobrevivi! *Não só a 2020, mas ao doutorado em si*



Eu poderia falar das esperanças do raiar de um novo ano. Mas se você acompanha esse blog *de postagens pingadas, mas ainda assim muito legais* vocês sabem que não vão encontrar isso. 

Eu sempre relembro as guerras ativas atualmente e faço um retrospecto da maldade humana. E é isso mesmo. Nunca há nada de novo no mundo. Só que com a Covid19 e com toda a barbárie institucional e o retrocesso que temos enxergado no nosso país e no mundo. 

Há muito o que dizer e há muito o que lamentar. 

Mas eu quero falar de um fenômeno muito doido da quarentena que começou com uma ideia boa de aglutinar pessoas no isolamento e trazer conforto, mas que acabou virando um pequeno pesadelo.

Lives. Sim. Lives. 

Aquelas transmissões de shows, palestras, conversas e conteúdos das redes sociais. 

A ideia é boa, veja bem. Muitas ideias apesar de boas, podem ser opressoras. 

Eu digo isso pq teve um momento da quarentena em que a profusão de lives era tanta, mas tanta que eu e outras pessoas foram soterradas pelos conteúdos e era humanamente impossível acompanhar tudo ao mesmo tempo. 



O que é bem louco pq naquele momento do alto isolamento, em que a gente também não sabia muita coisa *Não que hj a gente saiba muito* e que não havia qualquer esperança *Eu sei, vamos baixar a bola pq a vacina ainda não tá aí pra gente*, o mundo estava suspenso.



O mundo já ficou de pernas pro ar antes. A humanidade também já passou por momentos difíceis. Mas dessa vez, graças a globalização, todo mundo passou pela mesma coisa *mesmo que em graus diferentes* ao mesmo tempo e o mundo teve de puxar o fio da tomada. 

E sabe o que aconteceu?

A maior parte das pessoas deu uma surtada muito louca de "como aproveitar o tempo da melhor forma possível e ser produtivo ao máximo". Eu recebia 7 a 8 convites para assistir lives profissionais por dia fora as lives de conteúdos artísticos e de entretenimento. 


Me pareceu que as pessoas não queriam  pensar no que estava acontecendo, na dimensão da dor e do estarrecimento do momento. Faltava aceitar o fato de que a humanidade poderia contemplar e refletir a cerca de si mesma, do seu papel diante da natureza e do mundo.



A  humanidade parecia um avestruz diante do perigo da seleção natural. Nós não somos tão importantes. Nunca fomos. 

Mas as pessoas realmente vivem como se mandassem no universo, como se tudo fosse seu por direito e que a sua existência fosse totalmente essencial para a natureza *Imagine só a arrogância*

**E como tudo sempre pode piorar, as pessoas resolveram agora largar as lives e SE AGLUTINAR AO VIVO EM AGLOMERAÇÕES SEM SENTIDO. Mas isso, é papo pra outro post. Segue o fio abaixo**

E nos afogamos em lives. Veja bem, as lives são uma iniciativa muito boa. Eu até participei de uma como palestrante e foi tudo muito proveitoso. Mas a gente precisa mesmo lotar todo o nosso tempo e perder a dimensão da nossa história? 


Vocês pararam para pensar que:



- Estamos fazendo parte de um momento histórico

- O mundo inteiro está passando pela mesma coisa ao mesmo tempo

- Parte desse momento compartilhado só é possível pela globalização e pela velocidade das trocas de informações, dados e experiências

- Até agora a gente, como espécie, conseguiu driblar a seleção natural, mas talvez a nossa "sorte" *conseguida pela Ciência e tecnologia* possa ter acabado e que FINALMENTE a Natureza possa existir sem a nossa enfadonha participação

- Nossos registros da nossa vida, morte e cultura podem virar somente uma ruína que será reintegrada pela dinâmica da natureza e do ciclo do nosso planeta e que ao longo do tempo geológico seremos somente um registro ínfimo.

E DIGO MAIS:

E se a nossa existência que é tããããããão complexa e racional culminar para um momento muito legal de consciência da própria  finitude?

E já pensou que a gente perdeu esse momento contemplativo de questionar sobre si e seu papel na humanidade e na natureza ASSISTINDO 9398094098943 LIVES pq "não tô a fim de pensar sobre isso tudo agora", como um caso clássico de paciente que foge do "cheque mate" de um analista.


Eu sei que eu tirei um tempo, dentro dos meus prazos e meus desesperos internos, para avaliar isso tudo. 

Eu olhei da minha janela (literal) e vi a vida dos humanos dando uma pausa enquanto que a natureza respirava sem a nossa pressão hipócrita "sustentável". 

Eu consegui escutar o vazio das ruas que se fizeram madrugada durante o próprio dia e eu vi a finitude. Eu sei, não fui a única. Na própria história humana outras pessoas já contemplaram a finitude em quarentenas e pandemias.




Eu sei que muita gente trouxe conquistas pessoais e conseguiu coisas boas na pandemia. Mas a gente não pode esquecer os cadáveres que existiram e que ainda vão existir, pq essa pandemia ainda vai demorar para acabar. A dimensão dessas perdas equivale a de guerras que duraram várias décadas. 

E se a gente não consegue refletir sobre isso e anestesia o condão de reflexão do que nos faz ser humanidade ... 

Ainda somos humanos de verdade?



Eu tenho medo da onda de lives. Não pela aglutinação do pensar, mas pela anestesia das dores, por fechar as cortinas e por colocar uma fuga divertida dos horrores que vivemos. 

Do que adianta "lives, but no lives"? 

Afinal ... só o Brasil tem mais de 200 mil mortos. Nadamos nas mortes e a desumanidade do que temos vivendo tem nos abraçado. 

Talvez isso faça parte da ditadura "good vibes only" onde não há espaço para a tristeza, para a melancolia e a reflexão. 

Good vibes: Essa necessidade *esquizofrênica* autoritária de dizer que está tudo bem, que faz uma paralela do mundo real.  

Não está tudo bem. Tem gente morrendo no mundo todo ao mesmo tempo pela mesma causa. 



Mas isso, é assunto pra outro post.

Permaneçam vivos, permaneçam fortes, pensem o mundo.

Seja bem-vindo 2021. 

Espero que você não seja um 2020 parte 3. 

Mas, é daquele jeito: Zero expectativas. 

Cya!

Thaís Parméra 


 


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