Olá pessoas e seus amigos imaginários!
Tudo bem com vocês?
Eu sei. Essa pergunta chega a ser uma anedota cruel diante do cenário apocalíptico em que nos encontramos.
Pautada nesse absoluto caos em que nos encontramos, resolvi suspender *momentanemanete* as minhas atividades acadêmicas *tão cruéis e castradoras* para podermos abordar algumas questões urgentes.
Vivemos em um mundo cruel e eu nunca, jamais, em tempo algum dourei pílula diante disso neste blog. Milhões de pessoas experimentam em doses diárias e intermitentes a perversidade do sistema estrutural em que vivemos de exploração, desigualdade e opressão.
Eu sempre lembrei aqui que o mundo quase nunca está em paz, que essa Paz tão aclamada em réveillons no mundo todo é uma piada de muito mal gosto pq ela nunca é universal. Nós brindamos a nós próprios em uma alucinação coletiva esperando que as coisas fiquem bem e que todos serão *insuportavelmente* felizes.
Eu não vou me repetir, eu falo disso aqui há anos. Mas é tudo uma fantasia muito conveniente com a nossa cegueira seletiva e muda a cerca do mundo e das pessoas que realmente sofrem ... TODOS OS DIAS enquanto vivemos as nossas vidas perfeitas e "good vibes".
Anyway ... Estamos em um outro contexto que agora abarca todo mundo e desnuda nossa coletividade: Uma Pandemia.
Ora, veja bem, NADA de novo sob o sol. A humanidade sempre passou por pandemias e morte em massa. Mas essa periodicidade que nos força a testar os limites da nossa subsistência como espécie não pode deixar calar que nós cultivamos uma iniquidade social despudorada e que agora passa ao vivo, online, full time pra todo mundo ver ao mesmo tempo.
A única forma de não saber sobre o que está acontecendo é você ser um eremita totalmente desprovido de tecnologia e contato social e nesse caso, e somente nesse caso, talvez você esteja a salvo por um breve espaço de tempo.
*Nunca acreditei no velho ditado "A ignorância é uma benção". Eu acho que ela é uma maldição e é especialmente perigosa.Mas nesse caso, não saber e se isolar pode acabar sendo uma singela vantagem não por não saber, mas por se isolar*
Provavelmente todos nós estamos ferrados em maior ou menor grau.
Estamos nadando na lama uma vez que a iniquidade e a maldade, que sempre foi uma constante na história da humanidade e que normalmente se disfarça em momentos de crise, agora resolveu dar as caras e ri em sua intransponibilidade.
Dessa vez ela é imponente, altiva, irônica e se baseia em um fator extremamente forte e aterradora: o ódio.
Estamos nadando na lama uma vez que a iniquidade e a maldade, que sempre foi uma constante na história da humanidade e que normalmente se disfarça em momentos de crise, agora resolveu dar as caras e ri em sua intransponibilidade.
Dessa vez ela é imponente, altiva, irônica e se baseia em um fator extremamente forte e aterradora: o ódio.
O ódio também não é novo na história da humanidade. Talvez a gente *ou pelo menos eu* tenha sido ingênuo de mais em acreditar que depois de tanta coisa, de tanto conhecimento, de tanta informação... seríamos civilizados.
Mas realmente, como acreditar em um processo
Mas realmente, como acreditar em um processo
civilizatório que se baseia na exploração do trabalho, na opressão, na desigualdade e, invariavelmente, na maldade?
É uma doença, eu sei. O vírus não é um agente do mal. Ele é só... um vírus e nós somos uma espécie. Seleção Natural acontece.
Shit happens.
Mas quando as mortes ultrapassam o sentido natural *no sentido de que todos morrem* e passa a ser uma escolha, uma política, uma máquina que repousa em uma escolha propositalmente alienada arrogantemente burra e que está no poder?
Eu me recuso a chamar os poderosos de loucos. Isso é um insulto aos loucos. Loucos estão descolados da realidade. No sentido ironicamente bíblico "eles não sabem o que fazem". Dessa vez eles sabem muito bem o que fazem e não satisfeitos em tentar solapar sistematicamente as liberdades, os direitos, a esperança, os sonhos, as artes ... agora atentam contra a própria vida em seu sentido mais básico: A existência em sua carne, em sua matéria mais bruta e essencial.
As políticas de ódio que odeiam os diferentes, os pobres, as mulheres, os negros, a comunidade LGBTQI+, os artistas,
os intelectuais, os cientistas, os professores, os disruptivos são o que sempre foram. Só que agora temos o nosso próprio e pessoal holocausto onde o dinheiro, o capital, a economia se sobrepõe a simples vida comum e pouco se importa em descartar corpos em uma sistemática de "tanto faz, tanto fez".
Qual o universo amostral aceitável de mortes? Uma morte já seria o suficiente para mobilizar uma nação, o mundo. Mas não o nosso. A pauta em questão não referenda o potencial mortífero de um vírus diante da nossa fragilidade fisiológica e caduca.
A questão reside no fato de que diante de tudo que já temos conquistado como humanidade (tecnologias, modelos matemáticos, a boa e magnífica ciência, o conhecimento, as informações, estatísticas, artigos e debates da comunidade científica global), mortes poderiam ser evitadas.
Infelizmente a ideia dos poderosos nunca foi essa. Mas ter de encontrar todos os dias, na minha casa, pelas minhas variadas telas um genocida com faixa presidencial é de amargar a alma.
E pensar que hoje eu passo a mesma coisa que as gerações que vieram antes de mim e que passaram pela ditadura também tiveram esse mesmo desprazer de encarar no panteão da política os ditadores, opressores, torturadores e assassinos. E da mesma forma que meus antepassados assistiram atônitos aos aplausos dessa mesquinhez e maldade pomposa e estúpida, eu também agora escuto os fogos, os comíssios,a festa dos cidadãos comuns diante do "mito" que pretende arrastar a todos nós para a mesma cova comum.
Talvez a normalidade da maldade destilada no nosso cotidiano tenha anestesiado a nossa necessidade de luta.
Talvez, depois de tanto sofrimento dos nossos pais e avós, nós tenhamos nos permitido relaxar e achar que "pls, isso nunca mais
vai acontecer" e ficamos "good vibes" porque "não é nosso problema". Mas quando as mortes passarem a ter um nome, um rosto, uma voz, uma história... quando ela encostar em você... Talvez já seja tarde demais.
E é com esse pequeno manifesto de repúdio a atual postura nacional e global que compactua com líderes genocidas em nome de salvaguardar a economia e que tenta trazer um tom de calmaria diante da barbárie de ações que descartam pessoas, aniquilam famílias e literalmente matam...
Eu inauguro as postagem de 2020 do blog Utopia Cibernética.
Fiquem em casa. Lavem as mãos. Se isolem das pessoas, mas não do mundo e nem das notícias.
Sejam conscientes. Salvem vidas.
Cya
Thaís Parméra - @ciberstar